sábado, 28 de abril de 2012

Eu acho que nasci no século errado.

          Eu sempre gostava de ouvir minha avó materna contando histórias de como era a sua infância e juventude no início do século passado. Minha avó tinha nascido em 1911 e viveu num mundo tão diferente deste em que eu estou vivendo... Minha mãe também conta sempre muitas histórias de como era bom ser uma mocinha dos anos 50. Mamãe é do ano de 1938. Sabe, eu sou uma pessoa bem marcha lenta, gosto de fazer as coisas devagarzinho, saboreando, desfrutando. Gosto de me dedicar. E se dedicar é uma tarefa que leva tempo. Era mais fácil se dedicar antigamente. 
          Agora as pessoas estão tão acostumadas à pressa, que não prestam atenção direito mais em nada e se irritam com facilidade. E certas ansiedades que, quando realizadas geravam um contentamento indescritível, já não existem mais. Lembro da "Primeira Exibição", uma sessão de filmes que a Rede Globo passava aos sábados logo após a novela das oito só com filmes até então inéditos na TV. Isso faz mais de 20 anos. No dia em que ia passar "O Retorno de Jedi" quase dois anos depois de sua estréia nos cinemas, começaram a anunciar com mais de um mês de antecedência, e eu fiquei doida. Na época que tinha passado no cinema eu não tinha idade para ver por causa da classificação etária e era ( como sou até hoje ) fanática pelos filmes de "Guerras nas Estrelas". Contei os segundos esperando aquele sábado, e quando ele finalmente chegou, meu coração disparou ao ouvir a vinheta de abertura do programa. Agora é capaz de o filme ainda estar passando em alguma sala de cinema e já estar sendo anunciado por algum canal de filmes da TV a cabo, e com certeza já terá cópias piratas na mão de muitos ambulantes vendendo 3 por R$10,00. Perdeu a graça. 
          Há até bem pouco tempo eu mantinha uma conta no Facebook com quase 400 "amigos". Não é grande coisa tendo em vista que há pessoas comuns, que nem mesmo são "famosas", não tem uma página exclusiva no site Ego nem nada, e tem mais de 1500 "amigos". Aliás, as redes sociais banalizaram de uma forma deplorável a palavra amigo. Isso é triste. Excluí meu perfil menos de um ano depois de tê-lo criado. Motivo: um desgosto profundo. As pessoas mostram-se tão feias sem o menor pejo, propensas a grosserias gratuitas : "Não gostou que se f###", " Então vc fez um comentário, não me lembro de ter te perguntado nada", ou ainda "O Facebook é meu, eu posto o que eu quiser e se vc se incomodar vai dar meia hora de ####". Cruzes! Quanta aberração!!! As pessoas parecem ter se esquecido que aqueles "amigos" do Facebook foram solicitados ou confirmados por ela mesma, por sua livre vontade. E que ela só expõe algo no seu mural pelos comandos de "publicar", ou seja tornar de domínio público e sujeito à análise das pessoas, ou de "compartilhar", ou seja, de disponibilizar algo que é seu para outros. Deprimente.
          Gostaria sim, de ter vivido num tempo onde havia tempo e interesse de se cativar amores e amigos. Num tempo onde palavrões não fossem tão comuns e grosserias não fossem tão corriqueiras. 
          E o pior que quanto mais velha eu vou ficando, vou ficando também mais sensível a esse mundo super rápido, onde todas as respostas vem sem esforço em menos de um segundo no Google. E o mundo vai ficando mais bizarro. Parafraseando um dos meus heróis que morreram de overdose ( vixi, parafraseei o Cazuza para parafrasear o Renato Russo ): Tenho quase certeza que eu não sou daqui.

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